SÃO LUÍS, MACEIÓ E FORTALEZA – A investigação sobre a origem da onda de boatos levou a denúncias contra vereadores de pequenos municípios maranhenses que também estão recebendo o Bolsa Família.
Em Coroatá, a 247 quilômetros de São Luís, o vereador Juscelino do Carmo Araújo (PT) foi denunciado por receber o benefício mesmo tendo declarado à Justiça Eleitoral possuir patrimônio de R$ 320 mil. O caso foi denunciado na Câmara Municipal pelo vereador Júnior Buhatem (PMDB).
Já em Fortaleza dos Nogueiras, a 661 quilômetros de São Luís, a denúncia também foi em sessão da Câmara, contra o vereador Edimar Dias (PSD).
O prefeito do município, Elimar Nogueira (PR), que fez questão de acompanhar a sessão, disse que tem provas.
— O cidadão está, desde o seu primeiro mandato, recebendo auxílio da Bolsa Família junto com sua esposa? Isso não precisa ser apurado, tenho documentos, fomos à Caixa, e o dinheiro está sendo depositado na conta do vereador — acusou Elimar.
A Polícia Federal, que está investigando os boatos no Maranhão, não quis se pronunciar sobre o assunto.
Entre os beneficiários, as reações diante dos boatos foram variadas. Com três filhos, Rojane dos Santos Martins foi uma das milhares de maranhenses que entraram em desespero quando soube que o Bolsa Família poderia acabar e que ela teria até a meia-noite para sacar o dinheiro na Caixa. Foi a mãe dela quem ligou na noite de sábado dia 18 repassando a notícia.
— Entrei em pânico, chamei a vizinha que também recebe o Bolsa Família, e corremos para a Caixa, onde graças a Deus conseguimos sacar o nosso dinheiro — recorda-se ela. — Quando cheguei à Caixa, foi aquela agonia, gente chorando porque não tinha caído seu dinheiro na conta. Todo mundo dizia que soube por outra pessoa, e ninguém nos explicava nada.
Com a disseminação do boato no dia 18, nove serviços de autoatendimento da Caixa foram depredados no Maranhão.
Mas nem todos os beneficiários acreditaram no fim do Bolsa Família. Em Maceió, a dona de casa Laudileide Costa da Silva, de 34 anos, mãe de três filhos que recebe R$ 134 por mês, esperou em casa o desfecho da conversa que se espalhou de boca em boca no bairro da Serraria.
— Diziam muita coisa. Teve gente que disse que recebeu R$ 600 do Bolsa Família. Queria que o boato fosse verdade, mas era uma história tão mal contada que não dava para acreditar.
A técnica de enfermagem desempregada Maria Cícera Pereita da Silva, de 50 anos, assistiu aos telejornais daquele sábado e também desconfiou:
— Reuni a família inteira para conversar. E disse que era mentira, porque a Dilma teria ido à televisão para ela mesma dizer que o programa acabou. Nem fui à agência bancária.
Em Fortaleza, a dona de casa Euda Farias foi uma das que correram ao caixa eletrônico:
— Minha nora, que mora em Trairi (a 125 quilômetros da capital cearense), ligou avisando que era preciso tirar logo o dinheiro, porque ele seria bloqueado por seis meses. Ela disse que ficou sabendo por outras pessoas, a cidade inteira comentava.
Não pensei duas vezes: saquei na mesma hora. A correria foi tão grande, era tanta gente tentando sacar, que o primeiro caixa que procurei já estava sem cédulas, e tive que procurar outro. Nunca vi coisa igual.
A dona de casa Maria Lúcia Farias Barbosa desconfiou:
— Disseram que tinha uma espécie de presente pelo Dia das Mães, um dinheiro a mais. Minha cunhada até foi sacar o benefício dela, mas resolvi não embarcar nessa. Desconfiei que era uma armadilha porque, quando é coisa do governo, avisam com antecedência, colocam no jornal, e isso não tinha acontecido.
Fonte: O Globo
Em Coroatá, a 247 quilômetros de São Luís, o vereador Juscelino do Carmo Araújo (PT) foi denunciado por receber o benefício mesmo tendo declarado à Justiça Eleitoral possuir patrimônio de R$ 320 mil. O caso foi denunciado na Câmara Municipal pelo vereador Júnior Buhatem (PMDB).
Já em Fortaleza dos Nogueiras, a 661 quilômetros de São Luís, a denúncia também foi em sessão da Câmara, contra o vereador Edimar Dias (PSD).
O prefeito do município, Elimar Nogueira (PR), que fez questão de acompanhar a sessão, disse que tem provas.
— O cidadão está, desde o seu primeiro mandato, recebendo auxílio da Bolsa Família junto com sua esposa? Isso não precisa ser apurado, tenho documentos, fomos à Caixa, e o dinheiro está sendo depositado na conta do vereador — acusou Elimar.
A Polícia Federal, que está investigando os boatos no Maranhão, não quis se pronunciar sobre o assunto.
Entre os beneficiários, as reações diante dos boatos foram variadas. Com três filhos, Rojane dos Santos Martins foi uma das milhares de maranhenses que entraram em desespero quando soube que o Bolsa Família poderia acabar e que ela teria até a meia-noite para sacar o dinheiro na Caixa. Foi a mãe dela quem ligou na noite de sábado dia 18 repassando a notícia.
— Entrei em pânico, chamei a vizinha que também recebe o Bolsa Família, e corremos para a Caixa, onde graças a Deus conseguimos sacar o nosso dinheiro — recorda-se ela. — Quando cheguei à Caixa, foi aquela agonia, gente chorando porque não tinha caído seu dinheiro na conta. Todo mundo dizia que soube por outra pessoa, e ninguém nos explicava nada.
Com a disseminação do boato no dia 18, nove serviços de autoatendimento da Caixa foram depredados no Maranhão.
Mas nem todos os beneficiários acreditaram no fim do Bolsa Família. Em Maceió, a dona de casa Laudileide Costa da Silva, de 34 anos, mãe de três filhos que recebe R$ 134 por mês, esperou em casa o desfecho da conversa que se espalhou de boca em boca no bairro da Serraria.
— Diziam muita coisa. Teve gente que disse que recebeu R$ 600 do Bolsa Família. Queria que o boato fosse verdade, mas era uma história tão mal contada que não dava para acreditar.
A técnica de enfermagem desempregada Maria Cícera Pereita da Silva, de 50 anos, assistiu aos telejornais daquele sábado e também desconfiou:
— Reuni a família inteira para conversar. E disse que era mentira, porque a Dilma teria ido à televisão para ela mesma dizer que o programa acabou. Nem fui à agência bancária.
Em Fortaleza, a dona de casa Euda Farias foi uma das que correram ao caixa eletrônico:
— Minha nora, que mora em Trairi (a 125 quilômetros da capital cearense), ligou avisando que era preciso tirar logo o dinheiro, porque ele seria bloqueado por seis meses. Ela disse que ficou sabendo por outras pessoas, a cidade inteira comentava.
Não pensei duas vezes: saquei na mesma hora. A correria foi tão grande, era tanta gente tentando sacar, que o primeiro caixa que procurei já estava sem cédulas, e tive que procurar outro. Nunca vi coisa igual.
A dona de casa Maria Lúcia Farias Barbosa desconfiou:
— Disseram que tinha uma espécie de presente pelo Dia das Mães, um dinheiro a mais. Minha cunhada até foi sacar o benefício dela, mas resolvi não embarcar nessa. Desconfiei que era uma armadilha porque, quando é coisa do governo, avisam com antecedência, colocam no jornal, e isso não tinha acontecido.
Fonte: O Globo
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